Posso ter pouca experiência. Boba não sou. Tive
certeza de que estava acontecendo alguma coisa horrível. Bem
pior do que ela estava querendo me contar.
- Por favor, me diz o nome do hospital! - insisti.
Ela continuou falando que não era necessário. Explicando
que estava tudo bem, e eu não precisava visitar. Percebi
que estava sendo enrolada. A língua dela parecia uma enorme
toalha me envolvendo, me confundindo. Quis argumentar.
Ela não deixou. Falava, falava, falava, sem me dar chance
de responder. Os créditos do cartão foram acabando. A ligação
caiu. Por um instante, fiquei paralisada. Olhei para o
Marcelo. Só tinha uma certeza: era alguma coisa grave.
Dias depois, o Marcelo descobriu que Nel tinha voltado
para casa. Tentamos telefonar. Atendeu a mãe, a dona
Mariana. Foi muito, muito simpática. Mas parecia determinada
a impedir que a gente fizesse uma visita. Insisti,
várias vezes. Teimei.
- O Nel está muito cansado. Tem que repousar. Não
pode se cansa com visitas - ela repetia, a cada um dos
meu argumentos.
Era óbvio: nenhuma visita seria bem-vinda. A gente
nem passaria da porta.
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