10. Amigo, nome e apelido

Apertamos a campainha duas vezes. Finalmente, dona
Mariana apareceu. Espantou-se:

- Raquel. você aqui?

Tentei falar normalmente. Sabia que estava forçando
a situação. Era até falta de educação, pois por telefone, ela
havia dispensado as visitas. Mas eu fui em frente:

- Eu e o Marcelo viemos ver o Nel. É só uma visitinha.

Percebi sua hesitação. Quase disse alguma coisa, mas 
as palavras não saíram da boca. Ficou parada na porta um
tempão. Acho que teria fechado a porta na minha cara. Mas
um vulto surgiu atrás dela. Vi uma fina silhueta escondida
pela escuridão do interior da sala. A voz disse, do fundo:

- Quem é? 

Apesar de estar um tanto rouca, era a voz do Nel!
Mas... como estava magro!
Nem esperei a resposta de dona Mariana. Preguei um
sorriso no rosto. Fui entrando, com a maior cara-de-pau.
Nel estava de pé no fundo da sala. De pijama. Magro, tão
magro! Era chocante, ver como tinha emagrecido!
Mais tímido, Marcelo ficou na porta. Corri até Nel e o
abracei.

- Que bom que você veio! - ele disse. 

Abraçados, andamos até seu quarto. Ele deitou. Marcelo 
tomou coragem. Entrou na casa. Parou no umbral do quarto.
Só então, passado o primeiro instante de emoção, observei o
rosto de Nel. Encovado. Expressão de absoluto cansaço. Gelei.
Sim, havia alguma coisa muito errada. Era ele, mas...não
parecia! Seus traços estavam quase desaparecidos de tanta 
magreza! Peguei sua mãe. Apertei forte. Perguntei:

- Diz! O que você tem!? 


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