1. A hora da verdade

Tudo parecia estar bem, novamente. Combinamos
pegar um cinema. Minha mãe não gosta que eu saia à
noite, mas com o Nel, ela permitia. Entretanto, no dia
seguinte, ele avisou:

- Minha mãe acha que não devo sair de noite.

Estranhei. Sempre tinha toda liberdade! Comentei
com minha mãe. Ela aproveitou a deixa:

- Você devia seguir o exemplo do seu amigo, que sabe
respeitar a opinião da mãe. Você nunca faz o que eu digo.

Retruquei:

- Mãe, deixa pra me criticar outra hora? Estou preocupada.
Nunca vi o Nel tão parado.

- Pois então ele está criando juízo. Coisa que você 
não criou ainda.

Nem respondi! Que injustiça! O maior problema da
minha mãe é que ela quer me ver num curso de secretariado.
Não tenho a menor vontade. Não é por mal, só não
tenho vontade de ser secretária. Quer que eu encontre
uma profissão segura, desde cedo. Vive dizendo:

- Hoje em dia as mulheres têm que trabalhar.

Sempre cita como exemplo minha tia Nena, que, quando
se separou, foi obrigada a trabalhar como vendedora
de porta em porta.

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