5. Amigo, nome e apelido

Isso sim, era ainda mais estranho! Eu conhecia a avó,
dona Berta. Era esperta. Como não ia saber o nome? E a mãe
do Nel, dona Mariana? Claro que teria deixado um endereço,
um telefone. Francamente, tudo parecia cada vez mais estranho.
Alguma coisa não combinava. Muitas vezes, tive essa
sensação. É como se uma espécie de fumaça flutuasse dentro 
da gente. O peito fica apertado. Tento entender, mas não
consigo, porque é impossível pegar a fumaça na mão. Olhar.
Descobrir. Fica somente a inquietação. Foi meu primeiro 
sentimento. Eu sabia que alguma coisa estava errada.
Eu e Marcelo conversamos mais um pouco.

- Quem sabe dona Berta confundiu o nome do 
hospital, e não soube dizer.

Não concordei.

- Se tivesse confundido, teria dito um nome errado.
Talvez até parecido com algum que conhecemos.

Lembrei. Nel tinha uma irmã casada. Uma vez, ele
tinha me dado o telefone dela. Quando cheguei no meu
apartamento, procurei. Tenho mania de anotar telefones
nas capas dos cadernos. Depois, misturo todos. Fica uma
confusão! Mas sim... eu lembrava. Tinha anotado o telefone
dela antes das férias de julho. Quando liguei para pegar
a receita de um bolo de fubá para a quermesse. Então
não estava em um caderno comum. Mas em outro, que eu
uso só para marcar receitas. Um dia ainda serei uma grande
cozinheira, mas isso é outra história! Finalmente, achei, 
bem no meio da pilha.

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