6. Amigo, nome e apelido

Esperei o dia seguinte. Torci para que Nel aparecesse
na aula. Mas não. Era o quinto dia de falta! Na escola, há
um telefone público. O Marcelo tinha um cartão. Ligamos.
Foi ela mesma quem atendeu. Suzana, a irmã. Perguntei o 
que ele tinha. Ela fez voz de surpresa.

- Quem disse que o Nel está doente? 

Falei da ida de Marcelo à casa dele. Da conversa com 
a avó, dona Berta. A irmã ficou em silêncio. Demorou
tanto e eu disse:

- Alô, alô!

Certa de que a ligação tinha caído! Mas não. Ela estava
lá, do outro lado. Absolutamente quieta. Quando 
finalmente falou, sua voz parecia esquisita. De repente, estava
tentando ser muito simpática. Só que era uma simpatia
esquisita, porque falava depressa, com um tom de voz
metálico, como se a garganta estivesse rangendo.

- Foi só uma gripe forte. Nada sério.

Estava preparada para ouvir falar de apendicite. De
alguma coisa assim. Mas gripe?

- Ninguém vai pro hospital por causa de gripe! 

Ou será que ia? Fiquei em dúvida. Ela silenciou 
novamente. Depois de um instante, voltou a falar depressa.

- É que ele pegou friagem. A gripe virou pneumonia.
Já está passando. Não é nada.

Pedi o nome do hospital. Queria tanto fazer uma visita.
Quem sabe levar um pedaço de bolo, feito por mim 
mesma! Estava disposta a passar o resto do dia no fogão,
para fazer um bem gostoso! Mas nesse instante, tudo ficou
ainda mais esquisito. Suzana demorou ainda mais para
 responder. Finalmente, explicou:

- Ele não pode receber visitas.

- Por que, se não é nada sério? 

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