2. Amigo, nome e apelido

Quando a tristeza chega, não acho que a gente deva
fugir dela. Contar piadas para disfarçar. Tentar esquecer.
Eu aprendi a viver a tristeza como se vive a alegria.
Enfrentar as dificuldades têm uma beleza que nem dá pra
explicar com simples palavras. Deixar o sentimento brotar
como água da fonte. Chorar e aceitar que nem tudo na
vida é como se quer, traz um alívio. Um sentimento de
realização que é um tipo de felicidade. Por isso quero falar
de Nel, de Nelson. Neo. New. Neo. Eu brincava tanto com
seu nome, e escrevia de tantas maneiras!
É assim que vou começar. Falando dele. Contando o 
quanto foi importante na minha vida.
Tudo começou de forma tão casula! Até hoje me 
espanto quando lembro a maneira como as coisas foram
acontecendo, uma depois da outra. Na escola, estávamos na mesma
turma. Gostava de fazer trabalhos em grupo com ele. Tinha
quem dissesse que éramos namorados. Nunca fomos,
realmente. Nem sei se eu sonhava com isso. Nossa amizade foi
nascendo sem compromisso. Era o tipo de amizade que às
vezes acontece entre uma garota e um rapaz. Conversávamos
sobre tudo, como dois amigos. Não nos víamos todos os 
dias porque Nel morava um pouco longe do meu prédio.

1. Amigo, nome e apelido

Chamava-se Nelson. Mas ainda m lembro dele pelo
apelido: Nel. Ele não gostava muito, é verdade. Achava estranho.
Reclamava que seu nome estava sendo cortado pela metade.

- Nome é nome - dizia. - É como se fosse a marca registrada da gente.

Eu brincava. Respondia que existem pessoas com nomes
pavoroso, e preferem mudar. Ele não se abalava.

- Cada caso é um caso, cada pessoa tem sua cabeça 
- teimava. - Gosto de ser Nelson. É o nome do meu pai.

Em seguida ficava de um jeito triste, pois o pai morrera
há muito tempo. Nem se lembrava bem como ele era.
Mas por que estou falando tudo isso? Talves porque
sempre seja tão bom me lembrar de Nel, ou Nelson, como
ele preferia. Dos momentos bonitos que vivemos juntos.
Repare: eu não estou falando de acontecimentos felizes,
absolutamente felizes. As pessoas valorizam apenas a alegria,
como se a tristeza não tivesse sua importância, Claro
que é bom estar contente. Dar boas risadas, se divertir. Mas
o ser humano não é um robô programado para dar risadas
o tempo todo. Não! A gente tem tristezas, melancolias, horas
de sofrimento e ansiedade. Tudo faz parte da vida.